Ao contrário do que muitos pensam, abrir uma empresa não significa que você vai poder retirar dinheiro na quantidade e na hora que preferir. O empreendedor, assim como os funcionários de sua empresa, recebe um pagamento por seu trabalho. Esse pagamento é conhecido como pró-labore.
Entender o que é o pró-labore e como ele deve ser calculado é importante para preservar a saúde financeira do negócio. Nesse post, você vai aprender, de maneira rápida, a estabelecer quanto deve ganhar pelo seu trabalho. Vamos começar?
O termo “pró-labore” vem do latim, e significa “pelo trabalho”. É o nome dado à remuneração do empreendedor ou dos sócios da empresa. Porém, para ter direito ao pró-labore, é preciso que você desempenhe algum papel administrativo no dia a dia da empresa; sócios que apenas contribuem com capital recebem somente lucros e dividendos.
Além desse detalhe, o pró-labore não pode ser chamado de salário, porque não segue as mesmas regras que orientam a remuneração dos funcionários. Por exemplo, o pró-labore não inclui obrigatoriamente direito a benefícios como 13º salário ou férias.
Além disso, o pró-labore também é tratado de maneira diferente no que se refere à contabilidade. Ele é registrado como despesa operacional e está sujeito a impostos diferenciados.
A primeira coisa que você precisa saber é que não existe uma fórmula padrão para determinar o pró-labore. Porém, existem algumas medidas simples que podem ser tomadas para chegar a um valor adequado. Confira:
A primeira medida é realizar projeções financeiras do desempenho do seu negócio, incluindo nelas a retirada do pró-labore e, ainda, o IR e o INSS que incorrem sobre ele. Assim, é possível perceber qual será seu impacto sobre o fechamento de contas, e essa percepção pode ser útil para definir um valor coerente, que não vai canibalizar a sustentabilidade do negócio.
Ao final de cada período, chega a hora de retirar o pró-labore, a distribuição de lucro para os sócios e, ainda, reservar o valor que será reinvestido na empresa, para o seu crescimento. Observe como esses três elementos estão interligados: um pró-labore e uma distribuição de lucros mais elevados podem implicar em um valor de reinvestimento mais limitado.
Nós não estamos dizendo que você não pode, ou não deve, priorizar o pró-labore. Porém, essa decisão deve levar em conta os objetivos do negócio e, em última instância, os objetivos dos empreendedores por trás dele. A questão é: o que é mais importante — os benefícios imediatos ou os benefícios em longo prazo?
Outro ponto importante é considerar alternativas à retirada do pró-labore. Por exemplo, que tal definir um pró-labore mais modesto, e retirar a diferença a título de distribuição de lucro? Fazendo isso, o impacto da sua remuneração nas contas da empresa é menor, porque não incide tributação de IR e INSS sobre a distribuição de lucro.
Esta é uma “manobra” financeira inteligente. A única recomendação, para que ela dê certo, é que você não pode se esquecer de discriminar adequadamente o que é pró-labore e o que é distribuição de lucro, nos relatórios contábeis.
Não basta definir o pró-labore. É preciso formalizar o valor definido, o que pode ser feito no Contrato Social da empresa (documento usado na formalização do negócio).
Se você não dedicar algum tempo à definição do pró-labore, pode colocar a empresa em uma situação complicada, com graves consequências. E não estamos falando apenas de questões fiscais ou contábeis.
A consequência mais direta, que inclusive já foi mencionada neste post, é que a não existência de pró-labore fixado é um incentivo para que o empreendedor ou sócio receba valores conforme a sua conveniência pessoal, sem priorizar a saúde financeira do negócio. Isso é ainda mais comum no caso de micro e pequenas empresas, em que não há um controle rígido sobre as retiradas de dinheiro. Não se trata de má-fé, mas de falta de controle.
E não se esqueça de que, quando o pró-labore não é definido de maneira oficial, isso também pode causar um problema para o próprio empreendedor. Afinal de contas, todos precisam ter segurança em relação a quanto vão receber no final do mês. A fixação do valor permite que você tenha uma garantia para planejar suas finanças pessoais.
Finalmente, uma das consequências mais graves da ausência de pró-labore fixado é o efeito que ele pode ter sobre os funcionários que trabalham com você. Se eles tiverem a impressão de que o empreendedor coloca seu bem-estar financeiro acima da empresa, eles podem perder a confiança na sua gestão e a motivação para trabalhar. Portanto, o pró-labore acaba sendo uma maneira indireta de reafirmar seu caráter profissional e manter sua equipe coesa.
O MEI é um tipo de enquadramento em que existe mais abertura para o empreendedor retirar dinheiro das suas atividades livremente, sem estabelecer um pró-labore. Afinal, como MEI, você trabalha sozinho ou, no máximo, com um funcionário. O controle contábil e financeiro, na maioria dos casos, é você mesmo quem faz. Não existe Contrato Social.
Mesmo assim, é aconselhável estabelecer um pró-labore. Assim, você pode ter a certeza de que não vai retirar para si uma parcela das receitas que deveria ser usada para pagar as despesas do negócio ou para reinvestir e crescer.
Nossa conclusão é clara: estabelecer o pró-labore da maneira correta pode não ser um processo tão simples, mas é absolutamente necessário. E, se você ainda tiver dúvidas sobre como fazer isso, a melhor solução é buscar mais informações — por exemplo, em um curso de gestão financeira.
Não conhece nenhum curso do tipo? Então acesse as soluções à distância oferecidas pelo Sebrae ES. Lá você encontra cursos, vídeos e outros conteúdos sobre finança para te ajudar na gestão do seu negócio.
Douglas | Jul 30,2018
Muito bom essas informações . Gostei. Parabens…
sebraees | Ago 6,2018
Que bom que gostou, Douglas! Valeu!
Patricia Souza Furtado | Jul 30,2018
Amei a orientação, tenho uma consultora financeira que tem me orientado, mas ouvir uma segunda pessoa reafirmando é ainda melhor.
sebraees | Ago 6,2018
Legal, Patrícia! Continue nos acompanhando por aqui, estamos sempre trazendo assuntos para atualizar e dar uma força ao empreendedor! 😉
Eliane Vargas de Araújo | Ago 14,2018
Boa noite!
Mt bom esses esclarecimentos, chegou em boa hora. Estou satisfeita e agradecida.
sebraees | Ago 21,2018
Olá, Eliane! Ficamos muito felizes com seu feedback e saber que nosso post foi útil. Toda semana divulgamos conteúdos novos por aqui, fique ligadinha! E caso tenha alguma sugestão de tema a ser abordado, pode nos enviar também!
Çuiz A ;vieira | Ago 26,2018
Lega! Eu não sabia a origem do termo. Ajudou-me muito valeu!
sebraees | Set 25,2018
Que bom! Ficamos muito felizes em saber que fomos úteis! Conte sempre com o Sebrae.
jetro da costa de santana | Abr 30,2019
Bom dia, é bom divulgar o tema para os novos empresários e orientá-los sobre a importância desde a abertura da empresa de se ter um valor pré definido para retirada , que visa não só controlar os gastos pessoais .Para aqueles que migraram do setor produtivo com carteira assinada , quando fazemos a contabilização do pró-labore estamos também contando pontos para aposentadoria . Quando abri a minha empresa não fazia pró labore fiz uma senha no meu inss.gov.br para saber quando iria ter direito a aposentadoria verifiquei que fiquei atrasado os 03 anos que não contribuí para previdência, se tivesse feito o pró-labore não perderia o tempo que fiquei sem contribuir .
Sebrae ES | Abr 30,2019
Jetro, obrigada pela contribuição. Conhecimento é poder, né?! Que bom que hoje sabe da importância de organizar as finanças para alcançar o resultado almejado. Conte conosco nessa trajetória! Abraços
Cristine Z. Serafim | Jan 15,2020
Muito bom esses esclarecimentos! Agradeço a linguagem mais acessível e descomplicada, sem deixar de comunicar o que é importante!
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